O colonialismo português do século XVI trouxe ao Brasil um enorme contingente de africanos escravizados que sofreram inúmeros tipos de violência, dentre os quais estão, a submissão ao trabalho forçado nas casas grandes, minas e lavouras brasileiras, um processo de encobrimento, em que foram obrigados a abandonar elementos de sua cultura de origem e incorporar elementos da cultura cristã-ocidental.
A violência física e o destrato trataram de ensinar rapidamente qual a conduta e o lugar social destinados aos africanos e seus descendentes no Brasil, os quais, a fim de garantir sua sobrevivência, foram obrigados a se adequar às condições sub-humanas a que estavam submetidos.
Apesar dessa violência, procuraram manter vivos diversos aspectos de sua cultura através da oralidade e da transculturação promovida entre, por exemplo, a sua religião e a religião católica, quando encontraram como solução para a realização de seus cultos a simulação de cultos a santos cristãos, que, com o passar do tempo tornaram-se entidades verdadeiramente cultuadas em algumas religiões afro-descendentes.
Mesmo com o fim da escravidão no Brasil, os indivíduos negros foram marginalizados e socialmente tratados como inferiores, tendo sua mentalidade desvalorizada frente à racionalidade ocidental, e sua religiosidade demonizada pelas religiões cristãs.
A luta por condições igualitárias de vida foi se intensificando, de maneira que a comunidade afro-descendente se uniu em torno de uma identidade negra e de ações afirmativas promovidas no sentido de reparar a este segmento social os danos historicamente sofridos.
Atualmente, existem muitas entidades buscando uma igualdade racial e social em nosso país, além dos movimentos negros que encontram-se fortemente estruturados, sendo amplamente apoiado por intelectuais de diferentes etnias e por diversos grupos político-sociais.
As questões da plena inserção social, do combate ao preconceito e à discriminação e a construção de um olhar positivo sob a história e cultura africanas, são tratadas como urgentes demandas sociais, a respeito das quais o Estado brasileiro vem empreendendo políticas como o programa de cotas para negros nas universidades e a implementação da lei 10.639/03 na rede básica e superior de ensino. Através de ações como estas, que constituem conquistas do movimento negro brasileiro, se pretende formar uma nova sociedade, atenta à diversidade cultural e étnica do povo que a compõe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário